terça-feira, 26 de abril de 2011

Este meu Caminho

Estou perante um desafio que não esperava.
Esperava poder escrever um resumo dos dias, uma espécie de diário de viagem. Mas foi tão mais do que isso, que, pelo menos hoje, não o vou fazer.

Começou por ser uma viagem de bike com um dia de chuva. Depois foi uma viagem de bike durissima em que, ao segundo dia, mais do que força física fiquei sem força anímica.
Mas foi ao terceiro dia que algo mudou... não sei bem o quê. A perspectiva de um desafio quase impossível, que se começou a tornar possível aos primeiros raios de sol. A subida da calçada dos cavaleiros (corrigi-me Alex se me tiver enganado no nome) mudou algo em mim.
Mas não é este o sitio nem o tempo de explicar isso. Não são estas as palavras em que vou tentar explicar o que chorei por dentro pela ausência da minha filha quando à chuva e sem força subia as calçadas a caminho de Vila Praia de Âncora, ou quando quase sufocava ao almoço em VN de Cerveira. Não são também estas as palavras em que vou conseguir explicar aqui a plenitude e a luz interior que senti quando, um a um, contra toda a lógica e previsões, ultrapassei todos os obstáculos do último dia, sempre com o mesmo sorriso na cara e sem um pingo de sofrimento. Na minha cabeça, tinha apenas o sol que apareceu nesse último dia, as torres bem altas da catedral que finalmente vi ao fundo ao km 100, e os diamantes azuis que me receberam nos braços.

Mas foi no dia seguinte, enquanto ouvia uma pequena e afinada voz que não devia ter menos que 80 anos, que, virando as palmas das mãos para fora e imaginando agarrar as mãos daqueles dois que ja não tenho comigo, terminei este meu primeiro Caminho.

terça-feira, 19 de abril de 2011

3, 2 ,1 ... Partida





Bom, estou oficialmente em espera para a partida.

Depois de seguido à risca o plano de treinos, sinto-me o mais preparado possível para esta aventura. 
No que à logística diz respeito falta ainda fechar o conteúdo da mochila que não será muito grande, e validar que o que tinha pensado é compatível com 3 dias inteiros de chuva. Os calções e jerseys de manga curta terão de ficar em casa em troca com calças e o impermeável.
Relativamente à preparação propriamente dita, fiz tudo o que tinha para fazer e que nunca tinha feito: Uma prova de fundo de 115km, uma maratona inteira de 85km em ritmo que corrida, e pelo menos um passeio com mais de 80km por fim-de-semana nos últimos meses, fizeram com que esta preparação fosse mais do que uma preparação. Esta preparação foi uma subida de nível maior do que alguma vez pensei fazer. Nunca nada vai voltar a ser como de antes, e os passeios e meias maratonas de 40km vão passar a ser a excepção, e as aventuras orientadas por GPS e maratonas completas vão passar a ser a regra. É o chamado "Espírito Sub40".

A etapa final da minha preparação foi guardada para a chamada "Serra Mãe".



Tinha desenhado um percurso de 75km com 2000 metros de acumulado que iria fazer com um ritmo forte e com 5kg de  mochila para garantir que ia levar a tareia final. O factor humano falou mais alto, e tivemos de adoçar estes passeio com um ritmo mais lento e com menos 5km e 200 metros de acumulado, e ainda um teste à minha ... vamos chamar-lhe paciência de peregrino. Claro que eu ainda fiz questão de amargar este prova: Duas quedas, uma muito cedo e que me deixou o braço e a mão muito mal tratadas, e outra que me entortou o dropout e me deixou sem as 3 mudanças mais leves de trás, levantaram em muito o grau de dificuldade da prova. Acabei por levar mesmo uma grande tareia, tão grande que dois dias depois ainda estou a Adalgur por causa das costas.



Para terminar só falta mesmo partir... 95km por dia ... à chuva...  três dias... sem ver as minhas duas "mais-que-tudo". Para isto não há treino nem preparação que valha.


quinta-feira, 7 de abril de 2011

Recta final

Estou oficialmente na recta final da minha preparação.

A loucura das ultimas semanas - Plano de treinos, tracks, altimetrias, registo de treinos...


Duas semanas... duas curtas semanas separam a minha preparação actual do inicio da viagem. A semana passada as minhas pernas deram-me uma boa noticia: 95km com os últimos 15 em ritmo bastante alto, dão-me alguma confiança para o que aí vem.
Nas próximas semanas, alem de terminar os preparativos para a viagem, vou ter a minha primeira maratona completa oficinal: 85 km em ritmo acelarado prometem ser o meu maior desafio até hoje. Vou ter também uma volta terrível à Arrábida ainda pior que a ultima. Mais de 70km com 2000 de acumulado.

Até la, quase todos os dias 20 a 30km muito fortes fora da minha zona de conforto. Ir e vir para o trabalho com todas as subidas que me consigo lembrar. A subir, tentar manter os 15...20km em pé, e em recta não baixar dos 30km. Claro que em series de cerca de 5min com 2min de descanso.
Estes simples e terrivelmente desgastantes 30km têm feito muito por mim nas ultimas semanas, pelo que vou continuar a apostar neles.

Depois são 3 dias a  repousar e comer... e Santiago aí vamos nós.