terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Rescaldo 2011

Antes de mais queria fazer um disclaimer. 
Este post, assim como o blog em si, é um registo pessoal dos desafios que vou pondo a mim próprio. Não é, nem pretende ser nenhuma massagem ao ego ou qualquer tipo de feira de vaidades. Para muitos (quem sabe a maior parte),  pode parecer banal. Não é nada de especial fazer uma maratona de 85km e terminar no ultimo 1/3 da tabela. 
É verdade. A questão não tem a ver com feitos competitivos. Tem a ver com o que designei pelo Meu Caminho. Aos quase 35 anos, e passado uma vida de desportos radicais, copos, muitos anos de tabaco na adolescência, quase 20 anos depois de ter-me posto em cima de uma bicicleta pela ultima vez, resolvi pedalar. Primeiro umas voltinhas, depois umas maiores, e outras .... e outras (tenho muitos posts a explicarem estas descobertas)... apaixonei-me pelo BTT, pelas longas distancias, pelas provas de resistência, e não consigo esconder a frustração de chegar de uma volta ou treino sem dores nas pernas. Por-me à prova física e psicologicamente em provas de esforço e ainda descobrir sítios brutais onde nunca tinha tinha pensado ir, é o que me faz pedalar quase todos os dias e somar kms de dores de pernas.


Esta foi a primeira imagem deste blog e continua a ser uma das minhas favoritas.  


Agora o post em si:

O Ano começou com uma pequena cirurgia que me deixou um mês sem actividade física. Após este mês de paragem começaram calmamente os treinos que me levaram a fazer o Caminho de Santiago. Comecei a fazer alguns treinos maiores de 70, 80km até ao Cabo Espichel, umas voltas duras na Arrábida, mas o primeiro treino realmente grande que fiz foi a etapa de promoção da Transportugal. Num ritmo bastante lento, fiz 114 km entre Monfortinho e Salavessa uma localidade a sul de Vilha Velha de Rodão. 

Entretanto já na recta final da preparação para Santiago de Compostela cumpri o primeiro objectivo do ano. Fazer uma maratona completa. Foi em Vendas Novas com 85kms de sobe e desce Alentejano. Ainda na semana antes de Santiago fiz o treino mais duro até à data, com 70km e quase 2000 metros de acumulado na Arrábida.
Na semana seguinte a chegar de Santiago foi a vez da Meia Maratona de Portalegre com 60km e uns imponentes 1800 metros de acumulado. 

Por esta altura, desvinculei-me oficialmente dos Saltapocinhas BTT:. São e vão continuar meus amigos. Continuo a dar esporadicamente algumas voltas com eles, mas temos inevitavelmente visões e caminhos diferentes.

Na semana seguinte descobri que estava com um principio de anemia, mas mesmo assim quis fazer os 120kms do Alvalade - Porto Covo - Alvalade. Resultado: o maior sofrimento de sempre com 40 graus e  com vários momentos quase de desmaio. Acabei por ter muita sorte, mas sofri muito. Cheguei aos 60km de prova sem força e cheio de dor nas pernas que mal conseguia andar. Mas ainda fiz mais 60km. Uma experiência a não repetir. Esta situação durou até ao verão, pelo que só cheguei a fazer uma maratona completa mais acessível, que foi em Cuba.

Em Agosto os treinos endureceram muito, e comecei a olhar mais para o lado físico do que para o lado técnico. Nos treinos de fim de semana incluo alguns "passeios" mas a grande maioria, assim como nos treinos durante a semana, têm um propósito concreto e a sua dificuldade e ritmo são pré-definidos.
Aqui a maioria dos treinos eram ou de séries nas subidas entre a Trafaria e o Monte da Caparica, ou treinos de 70,80 e 90kms sem paragens até ao Espichel e Arrábida. Para este plano de treinos ser possível comecei também a treinar mais sozinho.

Depois, já em Outubro, fiz os Caminhos de Fátima com os amigos Metralhas, e adquiri a Fininha. Com a Fininha tudo passou a ser diferente, e passei a fazer BTT só no mato. Comecei a fazer treinos de maior duração todos acima de 100 kms. Logo a terceira volta que dei com a bike de estrada fiz 172 kms entre Troia, Porto Covo e regresso a Troia. 
Um dos pontos altos do ano, só ultrapassado pela chegada a Santiago de Compostela,  foi no final de Novembro quando fiz o Troia Sagres sozinho em autonomia em menos de 8 horas. 

Muitos desafios estão pensados para o próximo ano, mas não conseguia sequer pensar em fazer algum deles sem este 2011 cheio de desafios, esforço, dores nas pernas e diversão.


Ficam alguns dados estatísticos

8.211km pedalados
   5.987km de BTT
   2.225km de Fininha nos últimos 3 meses
427 horas a pedalar

Maratonas:
- Rota do Azeite Idanha 
- 1/2 Maratona de Portalegre
- Trilhos e Courelas - Venda Novas 85km
- Alvalade - Porto Covo - Alvalade - 120km
- Maratona de Cuba - 75km


20  Treinos com mais de 100km
26  Treinos entre 60 e 100km
120 Treinos com menos de 60kms

Maiores treinos:
202km Troia Sagres a Solo
190km Charneca - Montijo - Setubal - Espichel - Charneca
189km Charneca - Alcaçer do Sal - Charneca







segunda-feira, 21 de novembro de 2011

O meu Troia Sagres a Solo

Motivação

Quando em Janeiro, com apenas 4 meses de BTT, defini os meus objetivos para 2011 (ou aquilo que eu pensava serem os meus objetivos) tinha definido 3 : Fazer uma maratona completa (acabei por fazer 3), fazer os Caminhos de Santiago e a meia maratona de Portalegre. O Troia/Sagres nem foi equacionado porque me parecia algo inatingível. 200km eram 200kms e para quem só fazia 40,50 ou 60 de BTT, os 200 estavam realmente longe do meu horizonte.Também confesso que não me seduzia andar tanto tempo em alcatrão.

Quando há um mês comprei a fininha, o Troia Sagres passou logo a ser um dos meu primeiros objetivos. Em primeiro lugar já fazia relativamente bem 100..130km de estrada em BTT com pneu largo, e em segundo o caminho em si. Desde há muitos anos que vou sempre passar férias a Aljezur, Carrapateira, Sines, Sagres, etc. São locais e estradas que conheço muito muito bem e que me trazem muitas e muito boas recordações.
Porquê sozinho? Bem... a resposta a esta pergunta dava para escrever páginas e páginas, mas vou responder de uma forma abstrata. Em tempos li algures que uns dos maiores sinais de intimidade entre duas pessoas, é a capacidade de partilharem o silencio. Acho que isto é verdade também para a própria pessoa. Uma pessoa só se sente bem completamente sozinha se realmente for feliz e se sentir feliz, caso contrario a solidão é insuportável. Fazer um desafio destes, a solo, e ter no final à minha espera hoje (como há 6 meses na Praça do Obradoiro) as minhas duas mais que tudo, é das melhores coisas que já senti. Vou ter muitos momentos de companheirismo e amizade, mas hoje é para mim.


Preparação

Quando planeei esta aventura, com base no que conheço do caminho, na analise do track e nos relatos de pessoal que já fez o Troia/Sagres (e como Gestor de Projecto que sou), identifiquei imediatamente os factores críticos de sucesso e os riscos.

Os fatores críticos de sucesso, no meu entender eram basicamente 4: Tempo. Nesta altura do ano é noite às 17:30, e o primeiro barco chega a Troia às 7:15. Sobram 10 horas. Mesmo só com uma hora de paragem, para chegar de dia, a média da viagem tem que sempre ser igual ou superior 23..24km/h. Isto cria outro ponto Ritmo. É uma viagem que não pode ser feita em ritmo de passeio. O Clima. Com vento sul esta aventura toma outra dimensão. Velocidade mais baixa, esforço muito maior, chegar de noite... não, este fator eliminei. Só iria a Sagres sozinho num dia em que não houvesse vento sul. Gestão - Gerir as pernas, as zonas de frequência cardíaca, as dores no pescoço, as dores nas costas, os pontos de paragem, gerir a motivação, sofrimento, etc..
A viagem pode ser dividia em 3 partes.
O primeira até São Torpes - 75kms fáceis, com bom piso e pouco transito. Tentar chegar aqui sem parar, com um ritmo alto mas sem deixar as pulsações passar dos 80%, para garantir o mínimo desgaste. O segundo entre São Torpes e o Rogil. Aqui basicamente são dois troços. De VN Milfontes até São Teotónio, é um falso plano de quase 20kms com uma subida no fim, que até de carro é muito monótono e a descida e respetiva subida para Odeceixes. A subida mais complicada de todo o percurso. A terceira parte é basicamente entre Aljezur e Vila do Bispo/Sagres. (aqui havia pelo menos duas subidas complicadas).
No melhor cenário, o objetivo era chegar ao Rogil sem grande sofrimento e sem entrar em regime anaerobico. Depois os últimos 50kms, mesmo que sofresse ja estava a chegar, e tinha confiança que mesmo em sofrimento aguentava 2 ou 3 horas.
Para garantir que conseguia gerir os tempos da viagem, fiz em Excel uma lista com os pontos de passagem (aproximadamente 15), respetivo km de passagem, media previstas em cada troço, tempo de paragem previsto, etc. Com este Excel, consegui planear em que sítios iria parar e quanto tempo, assim como um horário previsto de passagem em cada ponto de modo a chegar a Sagres às 17h. Ficava ainda com 30 minutos de margem de erro. Fiz uma pequena cabula plastificada com esta grelha para colocar no bolso do jersey.


A Viagem

Acordei às 4:50 da manhã. Usei o truque que li no blog do mestre Vitor Gamito, e o meu pequeno almoço foi uma tigela de Aletria e 2 bcaa's antes de sair de casa. Aletria = Massa, ovo, açúcar...é quase um almoço em forma que pequeno almoço.
Apanhei o primeiro barco das 6:45 que me fez chegar a Troia às 7:11. Hora oficial do arranque.

Começo a pedalar praticamente de noite em com muito frio. De modo a poder comer barras pelo caminho, falar ao telemóvel e ver a minha cabula em andamento levei luvas sem dedos. Muito me arrependi no inicio da viagem tal era o frio, mas depois la acabaram por aquecer. Este inicio da viagem é mágico. Não se vê um carro. Mar de um lado, rio do outro, silencio absoluto.Pedalando com calma mas com algum ritmo chego a Vila Nova de Santo André com aproximadamente 50km ainda descontraído e apenas com uma barra energética no "buxo". É muito importante comer sem ter fome e beber sem ter sede, caso contrario seria lá mais para a frente que ia pagar a factura.

Chego a São Torpes muito cedo. Consegui fazer como o guia do António Malvar. Paro só ao km 75 para comer uma sandes da mochila ... e uma banana tambem :).

Quando passo são Torpes e vou a virar mais à frente para Porto Covo tenho o primeiro contratempo. Um sinal dizia que o transito no sentido de Porto Covo estava cortado mais à frente. Dizia também que o caminho para VN Milfontes devia ser em frente. Bem, eu conheço bem este caminho... em frente tenho que atravessar a Serra do Cercal. Mais kms e muitas mais subidas vão dar cabo do meu planeamento de viagem. Tomo uma decisão. Vou arriscar e vou virar para o caminho por onde dizem que o transito está cortado. Isto é uma bicicleta... vou conseguir passar. Mais à frente, quando chego ao cruzamento para a ilha do pessegueiro dou com um sinal de transito proibido e uma seta de desvio para a ilha do pessegueiro. Bom, eu sei que a estrada da Ilha do Pessegueiro não tem saída. Sei também que a única maneira alternativa de sair da Ilha do Pessegueiro é uma estrada de todo o terreno cheia de areia que vai dar à praia dos Aivados e à Ribeira da Azenha que é a localidade por onde passa o caminho normal e que devia estar cortado. E prontos, o desvio é por um caminho de BTT. Bem... não quero voltar para trás, pode ser que a fininha passe por esse caminho. E assim fiz de bicicleta de estrada 5km numa estrada de terra batida, cheia de buracos e agua, com uma descida cheia de lama onde só não caí "á seria" porque não sei porquê recuperei de um slide brutal com a fininha que mesmo de BTT não tinha sido fácil recuperar.

Quando cheguei à estrada principal ainda estava na Ribeira da Azenha. Andei mais um pouco passando pelo desvio para o Malhão e parei nas Brunheiras. Aqui bebi um muito rápido café, respirei fundo, pus o incidente para trás e foquei-me de novo na viagem e no que tinha pela frente.
Por esta altura já ia com cerca de 20, 30 minutos de avanço em relação ao planeado, mas como as dificuldades estavam todas adiante, o mais certo era precisar desse tempo ainda.



Passo por VN Milfontes e começo a subir para São Teotónio. Bom... grande seca. O tal falso plano, sem o Cardio-Frequencimetro tinha-me estragado a viagem. 15 ou 20kms onde tinha feito sem grande esforço uma média de 30km/h, mas que o iria fazer a 85..90% da minha pulsação máxima... ia de certeza pagar por esta parvoíce mais à frente, pelo que nem por 10 minutos me deixei enganar. Respiro fundo, esqueço a média e pedalo com calma pondo a cabeça noutro sitio e tentando gozar a tranquilidade que estava à minha volta. Tinha pensado para mim que só vou deixar a minha pulsação chegar pela primeira vez chegar aos 90% (mesmo que pontualmente) na subida de odeceixes ao km 140.



Passo por São Teotónio, que era o ponto de maior altitude da viagem, com alguma facilidade. O primeiro obstáculo estava ultrapassado. Agora descia a 50km/h a caminho à entrada no algarve. E que entrada... Odeceixes.

Como apenas tinha feito esta estrada de carro, não tinha memória das dificuldades reais da mesma a pedalar. Numa tinha reparado no falso plano de São Teotónio, na subida da Carrapeira, etc. A única coisa que me lembro é da subida de Odeceixes. Varias curvas e contracurvas muito apertadas e de desnivel muito acentuado, onde ja ia levando com varios carros em contra mão, tal é o perigo deste troço.


Voltando à viagem... paro no inicio da subida para a foto da praxe e como apressadamente uma banana, uma vez que faltavam apenas 10kms para a segunda paragem do dia no Rogil. Esta subida era... apenas um mito. A subida não deve ter mais de 1 ou 2 km, o que dá uns breves minutos a pedalar em pé, que por mais que custem, não me iriam causar nenhum mal. Seria complicado sim se tivesse chegado aqui em sofrimento, mas neste caso serviu apenas para confirmar que me sentia muito bem.

Quando parei no Rogil ao km 150 para comer alguma coisa quente e encher os cantis de água, sentia-me muito bem e tive noção pela primeira vez que ia conseguir chegar a Sagres. Ainda devia aguentar mais uns kms bons antes de começar a sofrer, pelo que a sofrer deviam já ser só 20 ou 30kms.

Desço para Aljezur com a confiança redobrada e já com 45 minutos de vantagem em relação ao planeado. Passando Aljezur, subo para o desvio para Sagres a sentir pela primeira vez o sol e o calor. A subida até foi feita facilmente, mas depois, à passagem por umas das localidades históricas da minha vida, Vale Figueiras (onde a minha pequena mais que tudo foi fabricada), numa zona de constante sobe e desce, senti pela primeira vez as pernas a sofrer.

Quando depois de pedalar em pé e me ia a sentar (numa altura em que dou sempre um coice para empurrar a bike para a frente) senti um leve prender de câimbria na perna esquerda. Felizmente nunca tive câimbrias a pedalar, quando tenho é sempre em repouso duas ou três horas depois dos esforço. Com o susto abrandei e deixei de pedalar em pé.
Foi então já com algum sofrimento que cheguei à Carrapateira ao km 175. Sento-me num banco de jardim, como um barra energética, uma banana, um gel (shot de acuçar e cafeina) e faço alguns alongamentos.





Como sempre, o shot de cafeína da-me autenticamente asas, e foi sem dores nas pernas, que subi sem qualquer tipo de dificuldade aquilo que pensei que ia ser o pior obstáculo. Os quase 10kms de subida da Carrapateira ao parque eolico de Vila-do-Bispo.



Entrei em Vila do Bispo a mais de 50km/h a descer a aos berros. Tinha chegado! Agora eram apenas 10kms em frente até Sagres. Como por magia, quando entro na nacional 125 a caminho de Sagres, estava um vento brutal nas costas.... e fiz, como que empurrado por uma mão superior, aqueles 10km a mais 40km/h, onde mesmo quando parava de pedalar não descia dos 38, 35km/h.





Cheguei uma hora antes do previsto, ainda de dia, a sentir-me muito bem, e com uma sensação de plenitude que me encheu o corpo e a cabeça. Como uma droga, esta sensação mal me deixou gozar o momento e pôs-me logo a pensar nos próximos objetivos. Além de repetir a volta com os amigos Metralhas passado 3 semanas, algumas coisas mais desafiantes para 2012.

Acabei o dia como tantos outros já acabei naquela zona, com alta Mariscada lowcost na Azenha do Mar.


PS: Desculpem a pouca quantidade de fotografias e a sua baixa qualidade mas tirando a de Odeceixes e a final em Sagres foram todas tiradas em andamento.

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Troia - Porto Covo - Troia

Bom este vai ser o meu primeiro relato de viagem. Espero não se tornar maçador com tantos pormenores :)

Não foi propriamente uma viagem, mas acho que ficou mais próximo de viagem do que de passeio.


Preparação

A ideia para esta volta começou há algumas semanas, quando comecei a pensar em fazer o Tróia Sagres este ano. O trajecto é mais ou menos o mesmo, mas fazia só metade e voltava para trás. A quilometragem é basicamente a mesma, são menos subidas, porque essas aparecem lá mais para frente, mas em compensação devo ter que levar com a nortada à volta, e ainda por cima ia tenho a desvantagem psicológica (que quando começas a sofrer no fim destes desafios é muito importante) de ter de passar 2x no mesmo sítio.
De qualquer modo, fazer isto de BTT com pneu 2.0 era algo que não me atraía muito. Com a entrada em jogo da fininha e, depois de no fim-de-semana passado ter feito 115km, pensei que tinha chegado a hora.

A primeira coisa a fazer era decidir o local de destino. Havia as seguintes hipóteses para ponto de destino
- Santo André - 110kms ida e volta
- São Torpes – 145kms ida e volta
- Porto Covo – 170kms ida e volta
- Vila Nova de Mil Fontes – 200km ida  e volta

Os 200km ficaram à partida postos de parte, uma vez que o meu record de kilometragem até à data era 134km.
Pus como objectivo Porto Covo, mas com a contingência de, caso não me sentisse com força ou sentisse já alguma acumulação de ácido nas pernas, voltar para trás em São Torpes ou Santo André. Em São Torpes só mesmo em último caso pararia, uma vez que fica apenas a 10kms de Porto Covo e é uma estrada espectacular. Santo André era uma hipótese porque me pouparia a quase 15km (30km no total ida e volta) de via rápida que, até de carro é muito chata de fazer.

Rapidamente fiz o plano de viagem: Uma folha manuscrita com todas as terras por onde ia passar e o km de viagem em que as ia atravessar à ida e à volta, serviria de referencia e iria-me ajudar muito no percurso, principalmente à volta quando muitas vezes a clarividência falta. Com base na hora de chegada do barco a Tróia, e numa média de 25km/h à dia e 20km/h à vinda, tomei também nota da hora a que deveria passar por cada localidade à ida e à vinda.


A Viagem

Saí de casa ainda de noite e já atrasado porque ia apanha o barco das 7:50. Caso perdesse este barco o próximo era só às 9h, o que me faria adiar esta volta para outro dia. Chego a Setúbal 5 minutos antes da hora. Estou a calçar os sapatos da bike quando reparo que trouxe uma luva de cada modelo. Entro em pânico… Não vou conseguir pedalar 8 horas sem uma luva por causa dos pulsos… tenho 50% de probabilidade ter uma luva de cada mão. Sorte, muita sorte…. Lá vou eu, entrar no barco para Tróia com uma luva amarela e uma preta. :)



Para minha surpresa, o barco demora menos de meia hora a atravessar o Sado e ir para o cais sul de Tróia. Boa! Começo com 20 minutos de avanço em relação ao planeado. 



Os primeiros 16kms até à Comporta, foram marcados por muito frio (nem os manguitos e os corsários o tornava mais ameno), e o completo isolamento. Não vi um único carro nem uma única pessoa. Parecia que o mundo tinha parado eu estava ali, no meio do nada, a pedalar no meio da faixa sem um único som.
O primeiro carro que apanhei já estava a passar perto da prisão de Pinheiro da Cruz. Alguns kms antes há um género de pedreiras mas de exploração de areia, e passaram por mim vários camiões.

Calmamente fui aumentado o ritmo até chegar aos 30..32km/h, ritmo que mantive durante as duas primeiras horas.

Sempre a tentar decorar os cafés pelo caminho, caso precisasse de parar à volta, passei pela Comporta, Carvalhal, Pinheiro da Cruz, Caveria… Melides para as primeiras e únicas subidas do dia. Não era nada de especial, mas ficou a nota para quando estiver a voltar, cansado e com o vento de frente. Uns kms depois estava em Vila Nova de Santo André, terra que conheço relativamente bem. Fiz aí a primeira paragem do dia já com 56 kms. Foram quase duas horas a pedalar sem parar. Sentia-me muito bem, pelo que não via nenhuma razão para ficar por ali.
Faço a via rápida de Santo André que estava em obras. As obras obrigavam os carros a andar numa faixa para cada lado, e deixavam uma faixa para cada lado intactas e com o piso em relativo bom estado. Resultado: Fiz a tal via rápida com uma faixa só para mim. :)



Isto estava a correr realmente bem. Chego a São Torpes, tiro a foto da praxe à bike junto ao mar. 
Nas dezenas de vezes que passei ali, ou a surfar ou a caminho de Sagres nos últimos 20 anos, nunca pensei que alguma vez ia ali passar de bike vindo de tão longe, ou pior, se algum dia ia quase deixar de surfar para andar de bike. Enfim…  Aqueles 10kms entre São Torpes e Porto Covo, que pensava iam ser de relaxe a ver o mar, foram os piores. O piso em muito mau estado fazia-me doer imenso os ossos das mãos, e à volta foi o troço em que apanhei mais vento de frente.

Chego a Porto Covo pouco antes das 12h. Consegui fazer uma média de 29km/h e cheguei 45 minutos antes do que tinha planeado. 
Só quando chego a Porto Covo é que me dou conta que a ultima vez que ali tinha estado, tinha sido em pleno Alvalade – Porto Covo, 120km feitos com princípio de anemia em sofrimento extremo. Teve um significado especial no dia em que ia fazer esta prova de resistência passar no sítio onde mais sofri em cima da bike até hoje.



Embora já tivessem 85km, as pernas estavam bem, por isso, comi uma sandes da mochila e resolvi começar a pedalar com apenas 15 minutos de descanso. A volta a São Torpes foi uma tortura... muito vento de frente... aquele piso terrível... e não conseguir passar dos 20km/h durante aqueles 10kms.

Foi com alguma facilidade que fiz grande parte do caminho de regresso. O meu cardio-frequencimetro (o meu melhor amigo nestas provas) dizia-me que não. Que tinha feito os 85km a 65..75% da minha frequência máxima, mas ia agora à volta a 80..85%, em pleno liminar aeróbico.
Isto significava muito provavelmente uma coisa: Acido a acumular nas pernas. De qualquer modo é complicado ir contra o vento com menos esforço que esse, a não ser que se vá demasiado devagar. Tive que assumir o risco e continuar. 

Com uma pequena paragem à chegada a Melides, continuei até ao Carvalhal (a 25kms já de Tróia). Aqui o meu ritmo cardíaco já ia mais perto dos 85..89% do que dos 80..85%, pelo que resolvi parar 10 minutos para acalmar a coisa.  Para minha surpresa as minhas pernas não davam sinais do acumular do acido lácteo, e porque já estava a 25km do destino, decidi deixar a minha frequência cardíaca subir, e foquei-me pela primeira vez mais no conta kms.  A apenas 8kms do final tive mesmo de abrandar. Tinha estado 20 minutos seguidos em cima dos 90%, o que numa prova destas é uma violência para o meu coração, e dava-me uma sensação muito forte de cansaço mesmo sem me doer as pernas. Respirado fundo e abandonando de vez a pedaleira 50, a coisa acalmou e cheguei a Tróia com 172kms quase sem sofrimento. Cheguei 2 horas antes do que tinha planeado, pelo que apanhei o barco das 16:30.  




Já no barco, ia-me no pensamento:  Mais 28kms tinha ido até Mil Fontes e tinha feito os 200km….


quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Um fininho com uma fininha

Dos "Males que vêm por bem", foram feitos vários treinos muitos bons. Os 134km na Arrábida, os 120km de alcatrão na ida a Sintra e os 135km + 30km da ida à Fátima com os Metralhas.

Que saudades tinha de fazer uma travessia. Foi relativamente curta, mas cheia de convívio. A certa altura parecia uma Maratona, tal era a organização e número de participantes. Um muito obrigado e um parabéns aos Metralhas pela pessoa do João Paulo. Foi muito giro descer ao mesmo tempo que tanta gente com muito muito mais técnica que eu. A travessia em si acabou por ser feita sem grandes problemas, e ficou o desafio de a repetir apenas em 1 dia. 

Na semana seguinte voltei ao meu plano de treinos normal: 1 Treino muito duro de subidas em força e um treino de 2,5 horas no liminar aeróbico. No fim de semana, e aproveitando a embalagem fiz 95km no sábado entra casa, Arrábida, Palmela e Azeitão, e no domingo fiz 102km entre casa, Azeitão, Pedreiras, Sesimbra, Cabo Espichel e Lagoa de Albufeira. Estes últimos 102km apenas numa manhã e conseguir chegar a casa à hora de almoço (a minha cara metade agradece). Foram basicamente 450kms numa semana.

Depois disto... 36 primaveras. Mais um aninho de vida. Segundo o senhor Karvone (e o meu medidor de frequência cardiaca), o meu coração faz menos um batimento cardíaco por minuto desde à 2 dias! eheh. Vou ter de pedalar mais rápido para provar aí ao senhor com nome de marca de  vodka que está enganado.
Melhor que estas geekiçes todas foi a prenda da minha cara metade. Não é que me deu uma bike de estrada!!!
Era mesmo mesmo mesmo o que eu queria. Senti-me realmente um miúdo de 8 anos com uma prenda nova. Adeus treinos de força e de estrada durante a semana feitos com roda 26, e suspensões de centenas de euros bloqueadas, e cassetes e pedaleiros caríssimos em desgaste no alcatrão.
A bike foi muito barata e é de muito baixa gama, mas chega para o que quero para já. Por acaso vem com 3 pratos, mas já assumi o compromisso de não usar o mais pequeno. Vai ter de sair tudo das pernas para começar a ver os progressos no BTT rapidamente.
O primeiro teste ja foi feito e correu muito muito bem. Parece que fiz estrada a vida toda.

As voltas que a vida dá....
No meio de onde vim, não sei bem porque, os desportos da moda sempre foram o surf, o skate, o snowboard, etc. Sempre vi o ciclismo como um desporto mais ... bimbo. Já tinha sentido um pouco isto quando começei a fazer BTT e começei a usar "roupinha de licra".  Aqui foi facil de passar por cima disso. Literalmente passar por cima... um mortal encarpado por cima da roda da frente, devido aos calções largos mais "fashion" terem prendido no guiador. La se foi o estigma da "roupinha de licra".

Agora, depois de mais de 20 anos a fazer bodyboard, surf, snowboard, etc... aqui estou eu a fazer ciclismo. Parece que estou a ver a minha cara de frete a gramar com  a Volta a Portugal que o meu pai obrigava a por na televisão la de casa há uns anos. Ver aquele pessoal todo com sotaque do norte e do algarve, com pernas depiladas e com bronse à camionista. 

Se há coisa que a vida e os anos nos fazem aprender é que nunca sabemos o que é que vamos sentir no dia seguinte, por isso é melhor não fazer juízos antecipados das coisas antes de passarmos por elas.

Aqui estou eu... bike de estrada, roupa justa de licra, capacete e bronze à camionista ... não, as pernas não as depilo, mas usando a máxima que escrevi acima, também já não faço juízos de quem o faz. :D 



Um fininho com uma fininha!

domingo, 25 de setembro de 2011

Males que vêm por bem

E lá se foram as ferias embora há quase um mês.

A forma razoável que tinha antes das ferias, e que me permitiu fazer muitos kms de trecking nos Picos da Europa "com uma pernas às costas", foi-se embora quando tive duas semanas seguidas doente graças a melhor refeição que comi este ano. Numa zona remota dos Picos da Europa, almoçamos num pequeníssimo restaurante de pastores. Lá, estava à espera o meu prato favorito: um cabrito morto uns dias antes e que pastava no topo da serra onde tínhamos estado nesse dia. Junto com o cabrito, uma feijoada com morcela caseira e... prontos foram duas semanas seguidas com dor de barriga. Sem pedalar, sem correr, sem comer grande coisa...



Terminada finalmente esta saga, descubro com o um exame que a maldita bactéria afinal não tinha ido embora, e o índice de ferro no meu sangue continuava nas lonas. Agendado novo (e supostamente definitivo) tratamento à bactéria para Outubro, toca de repor algum do ferro perdido directamente na veia.

Foi mais ou menos nesta altura que voltei aos treinos. Juntando alguns treinos curtos mas bastante duros (80% a 93% da pulsação máxima) durante a semana, com alguns treinos em ritmo baixo (60 % a 75% da pulsação máxima) durante o fim de semana com o meu antigo grupo, fui ganhando de novo alguma da forma perdida naquelas semanas doente.
Na segunda semana de Setembro voltei a apertar. Com um treino forte de 50km em 2 horas  (com média de 90%  da pulsação máxima)  e um treino de subidas ( 1500m de acumulado em 30km) por semana, rapidamente comecei a sentir-me melhor.

E...   Há males que vêm por bem.
Há poucos dias fiquei a saber que vou ficar de ferias forçadas por algum tempo.  Não vou abordar esse assunto aqui, apenas o facto de, graças a ele, me ter dedicado quase a 90% ao BTT nas ultimas duas semanas.
Estas duas semanas de treinos intensivos culminaram com a volta mais forte que dei até hoje. 92kms rolantes em "estradão", sozinho, em pouco mais de 4 horas e com apenas alguns minutos de descanso com media final de mais de 22km/h. 

Ontem, e para ensaiar a ida a Fátima na próxima semana com os Metralhas, combinei com o meu amigo Cláudio batermos o nosso record de kms.
Assim desenhei um track de 134kms que nos fariam dar uma volta quase completa à península de Setúbal. Combinamos também fazer-lo simulando o ritmo de um passeio com as características do da próxima semana.
Ha muito não dava um volta com um ritmo tão calmo, pelo que foi preciso grande concentração e olho no medidor de frequência cardíaca para garantir que não passava dos 75% da pulsação máxima. Este track foi semelhante ao meu dos 92kms mas com mais uma alteraçãozinha... iamos subir quase ao topo da Arrábida, descer a mais de 50km/h durante largos minutos a caminho de Setúbal junto ao mar, subir de Setúbal para Palmela e ainda fazer o trilho dos moinhos e o final do cai de costas até Azeitão. Aí retomamos o estradão para as pedreiras, passamos por cima de Sesimbra até à Azoia, e fomos pela Praia da Foz até à Lagoa de Albufeira, Fernão Ferro e de volta à Charneca. Resultado: 134 kms cumpridos com quase 2000 de acumulado, e umas pernas em muito bom estado à chegada. Para terminar, e sem tempo se quer para me sentar 5 minutos no sofá, nada como um magnifico jantar no Arola (viva o Lisbon Restaurant Week). Um dia para mais tarde recordar.

Hoje, falta apenas uma semana para a ida a Fátima, mas acho que vou fazer ainda  mais uma volta (chamo volta a treinos calmos e sem ritmo ou media forçadamente alta) com mais de 100km. Estava a pensar em ir da Charneca a Sintra comer um travesseiro na terça ou quarta-feira... a ver vamos. 



Abraço,





terça-feira, 26 de julho de 2011

Quase de ferias

Pois é, estou quase de férias.
Mais uma semana e meia e ponho-me a andar. Este ano, devido aos Senhores da Troika, a coisa vai ser mais comedida. Uma semana na montanha nos Picos na Europa está garantida. A outra ainda sei bem se será pela terrinha ou vamos para o Algarve.


 Ao contrario do ano passado, este ano decidi não levar bike. Quero estar uns dias sem pensar em nada, incluindo treinos, cadencias, medias, etc.

Mas para isso as ultimas semanas têm sido muito intensivas. Quase 200kms por semana, fizeram com que este mês fosse o mês com mais quilómetros feitos até hoje (à excepção do mês da ida a Santiago que mesmo assim ficou a uns 2 treinos de distancia).


Com 4 a 5 treinos semanais, variando os treinos de cadencia forte, os treinos de series em subidas com treinos de descompressão, tenho-me sentido muito bem. Ainda  no sábado passado fui dar uma volta com o meu antigo grupo. Fiz o treino todo lento e em regime de descompressão, mas com os últimos 10km sozinho a uma média de 28km/h. Tendo em consideração que tinha dormido menos de 5 horas depois dos 45kms nocturno da véspera, e tinha feito treinos fortes na quinta, na quarta e na terça.... Posso dizer que estou de volta à forma que tinha antes da anemia.

Agora é só esperar pelas ferias... e pelo regresso :)

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Caminho ao fundo do tunel



E eis que passado dois meses desde que a carência de ferro apareceu, e quase terminada a terceira caixa de antibiótico, vejo o caminho a voltar ao fundo do tunel...

Há quem me chame teimoso... mas não deixei de pedalar e de correr por causa do principio de anemia. Maratona de Portalegre, Alvalade Porto Covo (121km),  Maratona de Cuba, duas idas ao Cabo Espichel, entre outras, foram as provas que teimosamente fiz, com mais ou menos dor, com mais ou menos cansaço.

Os treinos feitos na última semana e no inicio desta semana têm-me deixado bastante optimista. Variando resistência em intensidade moderada e treinos curtos com alta intensidade, sinto finalmente o meu corpo a dar sinais positivos e a recuperar muito mais depressa após os picos de esforço. Até às minhas ferias vou continuar estes treinos de recuperação da forma física, para que após duas semanas de descanso longe da bike, possa voltar em força e fazer uma "pré-epoca" que me permita aguentar os desafios todos que vou ter pela frente.
Logo a abrir a época, e se a forma o permitir, Óbidos. Foi a minha primeira maratona o ano passado,e que fiz após pedalar apenas há um mês.Se o corpo o permitir, vou fazer os 80kms da maratona completa. Pelos relatos do ano passado os segundos 40kms vão ser bem técnicos e cheios de subidas. :) Depois tenho os Trilhos de Monbeja. Aqui mais uma vez os 75kms da maratona completa e uma luta de 3 ou 4 horas contra a desidratação e contra o calor.

Outubro...  36 anos. E para comemorar...Lisboa->Fátima... Uma ida a Idanha-a-Nova para a maratona completa dos Trilhos da Raia com a brutal subida a Monstanto e com os muitos singles que o pessoal do ACIN desenha para nós. Santarém ainda é uma possibilidade, mas confesso não ter muita paciência. Muita muita gente, 100% estradões... Não gostei nada do ano passado, e mesmo tentado a fazer os 80km deste ano, tenho muitas duvidas que vá.

Certezas para depois só tenho que vou voltar a Santiago desde a porta de casa. Data da ida? Companhia? Planos? A seu tempo - Mas o caminho é Charneca-da-Caparica -> Santiago de Compostela e o ano é 2012

De volta ao Meu Caminho
Pedro


sábado, 2 de julho de 2011

Finalmente descoberta



Eis que passado mais de um mês de muitos exames, biopsias e analises foi descoberta a razão da meu principio de anemia. Uma senhora bactéria de nome H. Pylori que vive há algum tempo no meu estômago têm-me literalmente chupado o ferro e por conseguinte os glóbulos vermelhos tão importantes para transportar o oxigénio aos músculos.

Há quase dois meses com os glóbulos vermelhos no mínimo saudável, todos os treinos se têm tornado num martírio, e, graças ao cardio-frequencímetro, descobri que tenho feito os treinos todos em regime anaeróbio. Aqui está incluída a maratona de Portalegre, os 120km do Alvalade / Porto Covo, 75km da Maratona de Cuba, etc.

No ultimo teste físico que fiz, foram quase 80km em apenas 3 horas com uma pulsação media de 86% da minha pulsação máxima., ou seja 3 horas exclusivamente em regime anaeróbio com 35 graus de calor. Resultado kgs e kgs de acido lácteo e a maior dor de pernas que há memoria (e foram tantas já este ano).

Bom, agora segue-se um mês inteiro de antibiótico. Na verdade, 3 antibióticos diferentes todos de rajada. Se não morrer do mal, morro da cura. Até la, tenho corrido 10km 3x por semana e feito também cerca de 150 a 200km de bike por semana.

Espero quando estiver a escrever o próximo post já tenha menos dor (e menos acido) nas pernas.

terça-feira, 14 de junho de 2011

Mexe...mas pouco, pelo menos na Margem Sul



Não é nem nunca foi objectivo meu, usar este blog para proferir opiniões sobre o que quer que seja. Este espaço é apenas para relatar o meu caminho.
Mas no passado fim de semana, o caminho cruzou-se com uma iniciativa já antiga da CM Oeiras, mas que pude testemunhar pela primeira vez.

Ora então tinha eu decidido no domingo passado fazer um treino de cadencia. Este treino, como o nome indica é um treino maioritariamente em estrada, sem zonas técnicas nem grandes subidas e descidas. O objectivo deste treino é técnica e resistência de pedalada pura. Isto consegue-se com muitos kms, ritmo alto e poucas ou nenhumas paragens ou alternâncias de ritmos.

Para isso tinha planeado, Charneca - Cacilhas - Cais Sodre - Cruz Quebrada - Expo - Cacilhas - Charneca.
Quando chego a Lisboa ao passar por Algés (ainda do lado de fora da linha do comboio), reparo que há muita gente a andar a pé. Penso para mim: Que raio... será que há outra vez daquelas corridas pelo cancro?

Chego à cruz quebrada, passo por baixo da ponte metálica do comboio e entro na marginal. Qual é o meu espanto quando reparo que é o dia "Marginal sem Carros". Sim, a mesma marginal que é das estradas (se não a estrada) mais bonita de portugal. Até aqui tudo bem, para minha sorte passa um grupo de ciclistas de estrada a abrir por mim. Colei-me na roda deles e a uma velocidade de cerca de 30..35 km/h percorri toda a extensão da marginal até quase à parede e volta para o Cais Sodré.

Isto foi o treino de cadência. Mas mais incrível que isto foi a marginal sem transito, e a dimensão do fenómeno. Centenas e centenas de pessoas a pedalar, a correr, a passear... Miúdos de 5 anos de triciclo, com os pais a correr ao lado, velhotes de ténis e calções a caminhar... Ginásios com stands à beira da estrada e com aulas de ginástica grátis... Uns rapazes do SMAS de Oeiras a distribuir água por toda a gente... Um stand da remax a distribuir garrafas de agua como o cartão do vendedor agarrado.

Incrível!! Eu que tendo a discordar dos fenómenos de massas fiquei rendido. Tive só pena que terminasse às 13 horas, caso contrario tinha ido a casa e tinha voltado para uma caminhada com as minhas duas princesas.



Agora a razão que me fez relatar isto:
É certo que eu morei 25 anos no concelho de Oeiras, e todos os dias da minha vida, vejo a diferença entre a CM Oeiras a CM Almada. Pelo numero de vezes e pela pontualidade da recolha do lixo, aos serviços de atendimento ao munícipe... a lista dos pontos em que a CM Oeiras está a nos luz da CM Almada é infindável.
Há uma coisa que a CM Oeiras não tem, que é a extensão de costa (quer de rio quer de mar) que a CM Almada tem. A CM Almada não precisaria de fechar rua nenhuma ao transito, tem uma frente de costa completamente renovada. A CM Almada tem tudo... menos... vontade, energia e acima de tudo dinamismo.
Não concordam comigo? Vão morar o município de Oeiras e vão ver.

Aqui, em Almada, há um ou uns Mexe Comigo. Mas mexem pouco, tão pouco que em 300 metros de extensão da marginal do passado domingo estava mais gente que nos Mexe Comigo todos aqui de Almada juntos.
Não quero mandar nada a baixo, mas enquanto sofria para manter o ritmo do ciclista de estrada que ia à minha frente a mais de 30km/h, não deixava de me sentir um pouco deprimido pela diferença de dimensão, de dinamismo e de competência entre as duas autarquias em que morei.

Uma "Marca o Ritmo" e a outra "Marca Passo"

PS: Dados finais do treino: Terminou com a subida ao Cristo Rei, Monte da Caparica, Costa e Charneca. 73km, 3h:05min, 24km /h de média.

sexta-feira, 3 de junho de 2011

O caminho segue dentro de momentos

Por vezes estamos tão embalados a caminhar que não paramos para pensar. Temos tantos planos a curto e a médio prazo, que conseguimos quase dizer o que vamos fazer nas horas todas do dia nos próximos 3 meses. E quando pensamos que temos tudo controlado... a vida trata de nos mostrar que isso não existe. Que o controlo não é mais que uma ideia vaga, e que tudo o que planeamos têm apenas uma determinada probabilidade de acontecer e nunca uma certeza.

Há algumas semanas, enquanto planeava um conjunto de desafios para o fim de maio e para o mês de Junho, tive um momento desses. Uma simples análise ao sangue acusou falta de ferro. Uma coisa tão simples e que pensei precisar de um qualquer suplemento... Mas não. A desconfiança médica de uma qualquer hemorragia interna levou-me a fazer um 100 número de exames, para os quais ainda tenho de estar mais umas semanas à espera de resultados. A somar a isso, e por causa disso, um principio de anemia. Por teimosia minha resolvi fazer os 121km do Alvalade - Porto Covo - Alvalade com este diagnostico. Resultado: A maior prova de  esforço e sofrimento que já fiz. Com menos oxigénio no sangue e nos músculos, rebentei ao km 60. Mas fiz os outros 61km por teimosia... completamente exausto, sem força, cheio de dores e na eminência de desmaiar. 

Desde aí tenho estado quase parado. Duas ou três voltas de 20 e poucos kms foi o que fiz nas ultimas semanas.

Mesmo sem saber o problema que causou esta baixa de ferro, sei que, pelo menos mais um mês vou ter de estar assim. À espera.

Como disse no ultimo post, nem todos os passos são para frente. O caminho continuará dentro de alguns (espero que não muitos) momentos.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Etapas

Todos os dias acontece algo. Às vezes andamos um passo para frente, às vezes um passo para trás. Às vezes parece que não andamos de todo, mas isso só acontece quando ficamos parados.

Uma etapa não é mais do que um conjunto destas unidades de dia às quais associamos alguma coisa, ou aos quais damos uma classificação comum.

No que a Este Meu Caminho diz respeito, comecei a contar faz no próximo mês um ano.
A primeira destas etapas foi incrível. Foi um conjunto de descobertas e adaptações físicas que parecem quase impossíveis vistas a 11 meses de distancia. Vou-lhe chamar Etapa 0.

A etapa seguinte começou quando me juntei à equipa dos Saltapocinhas BTT. Um grupo de cotas aqui da margem sul, gente simples, muito simpática e que me ajudou imenso. Desde coisas tão básicas como a pressão dos pneus, a altura do banco, a pressão da suspensão... sei la. Coisas que hoje acho ridiculamente básicas mas que, graças a estes meus amigos, aprendi em poucas semanas. Claro que a minha incessante sede de informação e a internet também tiveram aqui um papel fundamental. Esta etapa durou sensivelmente ate Setembro passado.

Em Outubro comprei um GPS, e com o crescimento da minha confiança comecei a aventurar-me sozinho e andar mais longe de casa. Cheguei inclusive a fazer 87km sozinho na primeira vez que fui ao Cabo Espichel. Isso já esta descrito aqui.  Sozinho, provei a mim mesmo que os limites e os mitos que me foram transmitidos na etapa anterior não eram mais do que isso. Mitos. As horríveis subidas... o ser preciso alguém não fazer mais nada na vida para conseguir fazer uma maratona inteira de 80 ou 100km... o perigo horrível que andar sozinho de bicicleta.

A terceira etapa começou com a preparação do Caminho de Santiago. Já falei tanto nisso neste blog que não vou de todo voltar a falar. Mas esta etapa fez caducar todas as outras etapas. Fez com que não consiga mais pensar como pensava há uns meses atrás. Faz com que não suporte mais ouvir repetir vezes se conta esses mitos, que, como os mitos há milhares de anos a trás, não são mais do que invenções para justificar fenómenos desconhecidos, medos e frustrações.

Se esses mitos são mentira, eu sou a prova disso. Há 11 meses atrás eu era pior que os piores e mais fraco que os mais fracos. Olhava para qualquer subida como um moinho de vento, e também dizia que ela era um exercito contra o qual era impossível lutar e só quem não fazia mais nada na vida o conseguia derrotar.

Ora isto levou ao inicio da quarta etapa, que começou ontem. Não vale a pena querer mudar o que não quer ser mudado. Os moinhos vão ser sempre moinhos para quem os quer ver. E sendo assim aqui termina a minha ligação formal como sócio dos Saltapocinhas BTT. 

Para mim e para um grupo restrito de novos companheiros, é tudo uma questão de espírito. Espírito de querer provar que passo a passo, etapa a etapa, montanha a montanha... o que ao longe parece um moinho é e será sempre mais uma subida a vencer. Querer olhar para o mapa de Portugal e querer ter passado naquele sitio ... e no outro... e no outro... e imaginar como será aquela descida junto ao rio Tejo... aquela calçada romana junto ao douro, e a outra... Querer tentar fazer aquela travessia a norte... e a outra a sul... e a outra. 

E no intervalo disto tudo, voltar a casa e passear junto ao mar com amigos também de bicicleta, e com toda a humildade do mundo poder ajudar alguém naqueles primeiros passos de há 11 meses a atrás.... e não querer ser olhado de lado. E inevitavelmente ouvir de novo... os mitos.

É a esta nova etapa que dei o nome de (Espírito) Sub40 BTT.

Novidades para breve numa subida perto de si :)

quinta-feira, 12 de maio de 2011

E o caminho continua

E o caminho continua

Continua porquê ?  Mas afinal que Caminho é este?

Não era o Caminho de Santiago? Pois não sei. A única coisa que sei é que é o Meu Caminho, e que não abrandou depois de terminado o meu primeiro Caminho de Santiago.
A intensidade dos treinos mantém-se, mas a motivação, a confiança e a capacidade de sofrimento essa aumentou.
Há uns dias, fui fazer a maratona a que chamei "Bicho Papão". Dei-lhe este nome, porque todos os que eu conheço falavam dela como sendo a prova mais difícil e como sendo a escala máxima do medidor com que medem os caminhos que fazem. PTG 2011.
Foi realmente uma meia-maratona difícil. 60km com 1800m de acumulado metem respeito. Mais respeito ainda metem 3500 pessoas em corrida por descidas repletas de pedra. Mas eu não estava ali para isso. Não estava ali para as descidas ou para as corridas. 



Estava ali para duas subidas: A inicial em alcatrão, que fiz relativamente à vontade, tendo em conta que os primeiros 20km são sempre os piores, e ia com o maldito impermeável vestido que me faz arder a cabeça de calor. E a subida às antenas de são Mamede.



13km consecutivos de subida, cuja inclinação vai aumentado à medida que vamos progredindo. Foi para isso que eu fui a Portalegre. Uma paragem de 5min antes de começar a subir, foi o que precisei para por a minha cabeça nesse objectivo. Para transformar as antenas de São Mamede numa especie de Praça do Obradoiro. E foi com esse mind set que fui, e que metro após metro, km após km, ultrapassei dezenas e dezenas de "malucos das descidas de pedras", uns agarrados à avozinha ainda no inicio e outros a pé. Foi sempre com um ritmo forte e fugindo à avozinha que cheguei dos 300 aos 900 metros de altitude (depois descemos para os 800). Aí subi a derradeira rampa de alcatrão para os 1080m de altitude, os ultimos metros finalmente agarrado tambem à avozinha.


Seguiram-se 15km a descer e uma queda a saltar degraus em mármore. Mas já tinha feito o que queria. O Bixo Papão (mais um) estava vencido. Classificação? Tempos? Na... O desafio ficou lançado para mim mesmo. Se tudo correr bem no ano que vem fazer PTG2012 mas com 105km. Nem que demore 15 horas e fique em último lugar.

E o Caminho segue o seu curso... Esta semana ha mais treinos, no próximo fim de semana há 80km com 1700m de acumulado entre Vila Velha de Rodão e Castelo de Vide para fazer... No seguinte há 120km de Alvalade Porto Covo... e no seguinte há... ainda não consigo dizer bem isto... 300km para fazer em dois dias seguidos em autonomia entre a Charneca da Caparica e Montargil.  Isto em Maio... em Junho há muito mais.

Este Caminho sacrifica a minhas pernas, a minha mente, o meu...rabo :) e ao mesmo tempo outros aspectos da minha vida muito mais importantes. Mas elas estão sempre comigo e não fossem elas eu não conseguiria nunca ultrapassar os derradeiros momentos em que as pernas de nada servem, e é a mente e a força de vontade que fazem a bicicleta subir e os kms passar. 

Pedro












quinta-feira, 5 de maio de 2011

Dia 3 - Porriño - Santiago de Compostela 102.6 km

Hoje o dia começou cedo. Saímos às 7:30 da pensão já a pensar nos 100km que tínhamos pela frente. Ao arrancar as costas doíam como nunca, e as pernas não davam sinais melhores. Quase não arranjávamos pequeno-almoço aquela hora, em pleno domingo de Pascoa. Escrevo via telemóvel no Facebook: “Algo que me diz que não me vou esquecer nunca deste dia”.
Começamos a rolar eram cerca de 8:15 da manhã em direcção a Redondela que era o nosso ponto de dormida original no dia anterior. Muito a custo faço os primeiros kms,  que são sempre os mais difíceis.  Tínhamos assinalado um conjunto de pontos a vencer neste dia. Todos subidas difíceis, e que iam aumentando à media que o dia ia passando, culminando na subida para o Milladoiro e a subida do Hospital já à chegada a Santiago.
A primeira prova do dia aconteceu ao km 15. A subida da rua ou calçada dos Cavaleiros. Era uma subida de cerca de 150m de desnível em 1 ou 2km. Mesmo num dia normal, já seria uma subida difícil, mas num dia como este, depois de tudo o que já tínhamos feito, poderia ser a pedra que nos faria tropeçar logo no inicio deste longo e derradeiro dia.
Resolvo, como sempre (ou quase sempre) subir a pedalar. Devagar, controlando cuidadosamente a respiração, subo metro a metro, rua a rua, curva a curva a subida. No topo, dou-me conta que, agora com o corpo aquecido, me sentia bem. Não sentia o cansaço do dia anterior, não sentia as costas, as pernas e a cabeça. Apercebi-me pela primeira vez nesse dia que… é possível. Vou mesmo conseguir.
Seguiu-se uma vertiginosa descida para Redondela cheia de adrenalina, num cenário digno dos Alpes no verão. 


Chegando a Redondela, tomamos um segundo pequeno-almoço à porta do albergue onde devíamos ter dormido na véspera. 15 minutos de paragem e estávamos de volta à estrada.






O sol e o calor apertavam à medida que a hora de almoço se aproximava. E foi com esse calor e com um vento forte de frente que chegamos a Pontevedra para almoçar. Paramos para comer uma sandes mesmo no centro por onde passava o caminho.



Terminado o almoço e seguimos para Caldas de Reis. O Caminho aqui ia levar-nos a uma subida de pedra e de calçada romana que tinha de ser feita a pé.  Este foi outro dos momentos do dia. Agora em ritmo lento, a pé e respirando fundo, deixando o som dos pássaros e da agua que corria acalmar o espírito e controlar a ansiedade, subimos passo a passo este troço. A plenitude foi tal, que, mesmo em alguns intervalos ciclaveis, preferi ir a pé e estender por mais uns minutos este  momento relaxante e que me ia preparando e restabelecendo para o resto do dia.
 





Chegamos a Caldas de Reis a meio da tarde, ainda com as pernas em muito bom estado. Paramos breves instantes em Caldas de Reis para encher o Kamel Bag de Água.
Depois de Caldas de Reis, mais uma das difíceis subidas do dia. Daqui para a frente seria quase sempre assim. Subimos em terra batida, pelo meio de aldeias e por trilhos ao lado da auto-estrada. Depois apanhámos uma das decidas mais divertidas e bonitas da viagem. Ao lado da auto-estrada, numa descida estreita e vertiginosa no meio de um brutal bosque que fazia lembrar a Mata da Albergaria do Gerês, mas com o caminho mais estreito e uma descida muito mais acentuada.





Chegamos a Padron eram umas 5 da tarde. Faltavam os derradeiros kms assim como as derradeiras subidas. As pernas marcavam já muitos kms acumulados, mas por mais estranho que fosse não os sentia. Sentia-me bem. Sentia que não queria parar a não ser lá em cima, na praça do Obradoiro. Ao longo dos últimos 3 dias tinha imaginado a subida final, os kms finais, nos limites das minhas forças… Contanto km a km antes de começar a subir, vou gerindo as minha forças. Tomo o Gel da ordem na base na primeira subida… Sentindo-me muito bem, comecei por pedalar devagar, respirando fundo, fugindo à avozinha e esforçando-me por manter a pedaleira do meio. Pedalada a pedalada, a exaustão não chegava e eu ia abusando. Chego ao Milladoiro a sentir-me muito bem, com a respiração calma e com as pernas ainda longe da exaustão final que tinha imaginado.


Quando vejo a Catedral ao longe pela primeira vez, um rasgo de adrenalina correu-me no sangue, e mesmo sabendo que ainda faltava a subida do hospital, voei como nunca pela íngreme descida em singletrack que desce para Santiago. Nunca tinha arriscado tanto numa descida, e nunca também tinha pensado tão pouco no que me podia acontecer. O meu coração agora estava a 1000 e não era de cansaço. Tinha a meta, a minha filha e a minha mulher à minha vista ao final de 3 solitários dias.


Chegamos à base da descida do hospital, e vê-mos que uma seta indica uma alternativa nova de caminho poupa os peregrinos à subida. Mas não, não cheguei aqui para ir pelo sítio mais fácil. Pedalada a pedalada, com calma, inicio a subida do hospital. É uma versão duplicada em cumprimento e esforço da “minha” subida das vacas. Que é a derradeira subida de todas as minhas voltas ao pé de casa e que me faz sempre chegar no limite a casa. Mas hoje não, subo com calma, sinto alguma exaustão, mas insisto em levar-me ao limite como tinha idealizado e subo em pé, com uma cadencia lenta e pesada todos os metros restantes deste ultimo obstáculo. Lá em cima, espero pelo meu colega de viagem, e entramos os dois triunfantes em Santiago, e na praça do Obradoiro. 



Por muito estranho que pareça, nesse dia, o mais longe (102.6km), o mais duro (1900 de acumulado) e já com três dias nas costas, eu cheguei bem. Muito bem mesmo. Não sei se faria mais 10, mais 20 ou mais 30km. Nem se fazia mais 2 ou 3 dias com o mesmo ritmo. Hei-de ter oportunidade de testar isso, mas para já o Orgulho e a felicidade de ter conseguido este feito (que para muitos pode ser pequeno) ninguém mo tira. Isso e o bichinho de voltar ao Caminho. Desde Lisboa? Desde França? Desde Sevilha? Não sei, mas sei que vou voltar!