quinta-feira, 19 de maio de 2011

Etapas

Todos os dias acontece algo. Às vezes andamos um passo para frente, às vezes um passo para trás. Às vezes parece que não andamos de todo, mas isso só acontece quando ficamos parados.

Uma etapa não é mais do que um conjunto destas unidades de dia às quais associamos alguma coisa, ou aos quais damos uma classificação comum.

No que a Este Meu Caminho diz respeito, comecei a contar faz no próximo mês um ano.
A primeira destas etapas foi incrível. Foi um conjunto de descobertas e adaptações físicas que parecem quase impossíveis vistas a 11 meses de distancia. Vou-lhe chamar Etapa 0.

A etapa seguinte começou quando me juntei à equipa dos Saltapocinhas BTT. Um grupo de cotas aqui da margem sul, gente simples, muito simpática e que me ajudou imenso. Desde coisas tão básicas como a pressão dos pneus, a altura do banco, a pressão da suspensão... sei la. Coisas que hoje acho ridiculamente básicas mas que, graças a estes meus amigos, aprendi em poucas semanas. Claro que a minha incessante sede de informação e a internet também tiveram aqui um papel fundamental. Esta etapa durou sensivelmente ate Setembro passado.

Em Outubro comprei um GPS, e com o crescimento da minha confiança comecei a aventurar-me sozinho e andar mais longe de casa. Cheguei inclusive a fazer 87km sozinho na primeira vez que fui ao Cabo Espichel. Isso já esta descrito aqui.  Sozinho, provei a mim mesmo que os limites e os mitos que me foram transmitidos na etapa anterior não eram mais do que isso. Mitos. As horríveis subidas... o ser preciso alguém não fazer mais nada na vida para conseguir fazer uma maratona inteira de 80 ou 100km... o perigo horrível que andar sozinho de bicicleta.

A terceira etapa começou com a preparação do Caminho de Santiago. Já falei tanto nisso neste blog que não vou de todo voltar a falar. Mas esta etapa fez caducar todas as outras etapas. Fez com que não consiga mais pensar como pensava há uns meses atrás. Faz com que não suporte mais ouvir repetir vezes se conta esses mitos, que, como os mitos há milhares de anos a trás, não são mais do que invenções para justificar fenómenos desconhecidos, medos e frustrações.

Se esses mitos são mentira, eu sou a prova disso. Há 11 meses atrás eu era pior que os piores e mais fraco que os mais fracos. Olhava para qualquer subida como um moinho de vento, e também dizia que ela era um exercito contra o qual era impossível lutar e só quem não fazia mais nada na vida o conseguia derrotar.

Ora isto levou ao inicio da quarta etapa, que começou ontem. Não vale a pena querer mudar o que não quer ser mudado. Os moinhos vão ser sempre moinhos para quem os quer ver. E sendo assim aqui termina a minha ligação formal como sócio dos Saltapocinhas BTT. 

Para mim e para um grupo restrito de novos companheiros, é tudo uma questão de espírito. Espírito de querer provar que passo a passo, etapa a etapa, montanha a montanha... o que ao longe parece um moinho é e será sempre mais uma subida a vencer. Querer olhar para o mapa de Portugal e querer ter passado naquele sitio ... e no outro... e no outro... e imaginar como será aquela descida junto ao rio Tejo... aquela calçada romana junto ao douro, e a outra... Querer tentar fazer aquela travessia a norte... e a outra a sul... e a outra. 

E no intervalo disto tudo, voltar a casa e passear junto ao mar com amigos também de bicicleta, e com toda a humildade do mundo poder ajudar alguém naqueles primeiros passos de há 11 meses a atrás.... e não querer ser olhado de lado. E inevitavelmente ouvir de novo... os mitos.

É a esta nova etapa que dei o nome de (Espírito) Sub40 BTT.

Novidades para breve numa subida perto de si :)

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